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terça-feira, 28 de julho de 2009

AS DITADURAS PODEM VOLTAR


Todos os ditadores — de Hitler a Médici, de Batista a Stalin, de Franco a Somoza — passam à história como figuras execráveis, cujos nomes, estigmatizados, se associam às vítimas de seus governos tirânicos. Aliás, Tirano era o comandante da guarda do rei Herodes. Seu nome tornou-se sinônimo de crueldade por se atribuir a ele a execução da ordem real de decapitar, em Belém, todos os bebês, entre os quais estaria Jesus se José e Maria não tivessem fugido com ele para o Egito. A América Latina carrega em sua história longos períodos de supressão do regime democrático. No século 20, o Brasil conheceu dois: sob o governo Vargas (1937-1945) e sob o regime militar (1964-1985), sem falar dos que governaram sob Estado de Sítio. O paradoxo é que todas as ditaduras latino-americanas foram suscitadas, patrocinadas, financiadas e armadas pelo governo dos EUA. Até o mandato de George W. Bush, para a Casa Branca, democracia consistia numa panaceia, mera retórica política. Fala-se que nos EUA nunca houve golpe de Estado porque não há, em Washington, embaixada americana. O recente golpe em Honduras, que resultou na deposição do presidente Zelaya, democrática e constitucionalmente eleito, coloca o governo Obama frente à hora da verdade. Ao receber a notícia, Hillary Clinton, secretária de Estado, vacilou. Talvez tivesse manifestado apoio aos golpistas se o presidente Obama, em viagem à Rússia, não houvesse reagido em defesa de Zelaya como legítimo mandatário. Ainda assim, os EUA não suspenderam sua ajuda financeira e militar às Forças Armadas hondurenhas, que sustentam o ditador de plantão. A política externa da Casa Branca trafega sobre o fio da navalha. Sabe que Zelaya está mais próximo de Chávez que dos falcões norte-mericanos que ainda comandam a CIA. Essa agência, especializada em terrorismo oficial, não foi devidamente saneada por Obama. E, agora, tenta justificar o golpe sob o pretexto, infundado, de que o presidente da Venezuela estaria prestes a remeter comandos militares a Honduras para derrubar os golpistas e devolver o mandato ao presidente Zelaya. A América Latina conheceu significativos avanços políticos nas últimas duas décadas. Após destronar as ditaduras militares e rechaçar presidentes neoliberais — Collor no Brasil, Menem na Argentina, Fujimori no Peru, Caldera na Venezuela —, demonstra preferência eleitoral por candidatos oriundos de movimentos sociais, dispostos a disputar o espaço das esferas de poder com os tradicionais grupos oligárquicos. É verdade que o uso do cachimbo entorta a boca. Alguns mandatários, em nome da governabilidade, não têm escrúpulos em fazer concessões a velhos caciques políticos notoriamente corruptos, representantes de feudos eleitorais marcados pela mais extrema pobreza. Quando um líder político de origem progressista se deixa cooptar pela oligarquia conservadora, o que está em jogo, de fato, não é a propalada governabilidade. É a empregabilidade. Perder eleição significa o desemprego de milhares de correligionários que ocupam a máquina do Estado. Nesses tempos de crise financeira não é fácil inserir órfãos do Estado na iniciativa privada. Seria, para muitos, atroz sofrimento perder o cargo e, com ele, as mordomias, tanto materiais — transporte e viagens pagos pelo contribuinte — quanto simbólicas — a aura de autoridade que desencadeia em torno ondas concêntricas de bajulação. Todos sabemos que, hoje, no centro da vida política se sobressai a questão ética. A maioria dos políticos teme a transparência. Por isso, muitos, descaradamente, agem por baixo dos panos, promulgam decretos secretos, cumpliciam-se em maracutaias, tratam como de somenos importância o fato de o deputado do castelo usar verba pública em benefício próprio, ou um senador, ex-presidente da República, incluir sua árvore genealógica na folha de pagamento custeada pelo contribuinte. Se não se estancar essa deletéria convivência e conivência de lideranças outrora progressistas com velhos e corruptos caciques, não se evitarão a descrença na democracia, a deterioração das instituições políticas, a perda do senso histórico na administração pública. O que constitui excelente caldo de cultura para favorecer o retorno de ditadores salvadores da pátria

Frei Beto
Teólogo e Escritor

sexta-feira, 24 de julho de 2009

A GREVE DO BIGODE



Um blog na internet decidiu tratar com irreverência a crise que assola o Senado Federal. Os autores do blog, os publicitários Ricardo Silveira e Viton Araújo, iniciaram uma campanha pela saída de José Sarney (PMDB-AP) da presidência da Casa chamada de "greve do bigode". O slogan é "Só tiro o meu quando o Senado tirar o dele" e sugere que os internautas deixem crescer o bigode e só o cortem se Sarney deixar o cargo. A repercussão foi tamanha que até o periódico inglês The Guardian noticiou o fato. A campnha pode ser acessada em http://tiremobigode.blogspot.com

terça-feira, 21 de julho de 2009

POR FALTA DE REGULAMENTAÇÃO TRABALHADORES AUTONOMOS DE CHAPADINHA SÃO IMPEDIDOS DE TRABALHAREM

Com o pretexto de cumprir a lei e a ordem pública, vi no último dia 17 de julho todo um aparato da guarda municipal de Chapadinha com reforçada ronda ostensiva em toda região central da cidade, cujo objetivo era de inibir e coagir a presença de trabalhadores e trabalhadoras vendedores ambulantes, mototaxistas e etc., que exploram comercialmente do espaço urbano e trabalham honestamente para tirar o sustento de suas famílias, já que o município não lhes dá outras condições e oportunidades de emprego para as suas subsistências e de suas famílias.
A ação civil pública que foi solicitada pelo ministério público se for cumprida por falta de uma legislação que regulamenta o trabalho desses trabalhadores autônomos pode trazer conseqüências sociais, econômicas e até mesmo o aumento do índice da violência urbana por total falta de emprego e renda.
Acredito que em Chapadinha têm outras coisas e até mesmo mais agravantes que o ministério público poderia está olhando, como por exemplo: a compra e uso de cigarros e bebidas alcoólicas por menores, menores dirigindo veículos e motos sem habilitação, o uso indiscriminado de bicicletas e veículo até mesmo sem documentação para fins de propagandas comerciais com som altíssimo que chega a perturbar o sossego das pessoas, o cumprimento da lei seca, haja visto os graves acidentes ocorridos nos finais de semana e ninguém vai preso. Pois aqui não se prende nem aqueles que saqueiam o erário. Só vai preso o pobre miserável que não tem dinheiro para pagar defensor.

Sem revisão.

Herbert Lago Castelo Branco
Poeta e Escritor

quinta-feira, 9 de julho de 2009

PARA NÃO DIZER QUE NÃO CURTI MICHAEL JACKSON



Quando saí de Chapadinha aos 17 anos de idade em 1974 para Teresina, ainda embalado pelo som do iê-iê-iê da jovem guarda, do fumacê de Gil e maluco beleza de Raul Seixas, vi pela primeira vez os Jackson Five arrebentando na televisão ainda em preto e branco. Michael Jakson com 15 anos era tudo que alguém na nossa idade podia almejar: talentoso, cantava e dançava lindamente. Até me atrevi a fazer alguns de seus passos. O que não sabia então, e só fui tomar conhecimento muito depois, o quanto era sofrida aquela construção de mito. Vivendo uma vida adulta infeliz e atormentada.
O talento o levou aos pícaros da glória, para usar um chavão. No entanto, ele continuou patinando na infelicidade, sem conseguir fazer as pazes com o passado, com as raízes, com os próprios sentimentos, o que lhe acarretou todo tipo de problema.
Com o massacre de informações sobre sua vida e sua morte, pouco tive oportunidade de sofrer por causa de Michael Jackson. Na última terça, durante os funerais, finalmente chorei na hora do WE ARE THE WORLD, que os convidados cantaram em uníssono. Chorei de tristeza pela sua partida tão cedo, de pena pelo homem infeliz que foi e com tudo que teve para ser feliz. Mas nem tudo o dinheiro compra.

Herbert Lago Castelo Branco
Poeta e escritro

segunda-feira, 6 de julho de 2009