O
que se espera de quem não gosta do governo e o vê fazendo algo de que discorda?
Que
se manifeste, que diga com clareza que é contra. Afinal, não é esse o papel da
oposição?
Isso
vale para a oposição partidária e para os veículos de comunicação que
antipatizam com a administração de Belezinha. A existência de ambos é natural
nas sociedades democráticas e não há nada de errado em que tenham opiniões e as
externem.
Mas
é possível que as oposições concordem, circunstancialmente, com uma ação do
governo. Que estejam, naquela oportunidade, de acordo com ele. Que entendam
que, por pior que seja, esteja fazendo, a seus olhos, a coisa certa.
Nesses
casos, o mais comum é que não digam nada. Tudo normal, pois lhes seria estranho
aplaudi-lo, mesmo quando o que faz é algo que, provavelmente, fariam se
estivessem no poder.
Existem,
no entanto, situações mais complexas no plano da ética política. Pode acontecer
de o governo tentar fazer a coisa certa, a oposição – ou parte dela – estar de
acordo com a iniciativa, mas ser difícil viabilizá-la. A concretização das boas
intenções de um, admitidas pelo outro, pode ser complicada.
Dizem
por exemplo que na administração de Belezinha existe um racha, uma “crise
política”, em grande medida causada pela disputa de poder e pela indisposição
de aceitar as pressões dos grupos que formam a base do governo – em particular
do ex-prefeito e líder político Isaias Fortes por mais espaço na administração.
Até
as pedras da rua sabem o que isso significa. Que esses partidos ou grupos
querem aumentar a influência sobre o destino do município indicando os
titulares de órgãos ou secretárias, para que sejam geridos de forma política.
Se
isso for verdade, a crise decorre de Belezinha estar fazendo a coisa certa,
recusando-se a concedê-los. Todos, inclusive as oposições, sabem que é um jogo
danoso e que seria pior para Chapadinha se essas pressões tivessem êxito.
E qual
o papel das novas lideranças, que nem razões têm para manter velhas rixas? Não
seria hora de sinalizar que é possível uma nova oposição, genuinamente
preocupada com o interesse público e desejada pela maioria dos Chapadinhenses?
E
qual o papel da imprensa oposicionista? Fingir que não conhece o jogo que está
sendo jogado? Ou deveria ser capaz de denunciar o que precisa ser denunciado e
reconhecer ou elogiar o que está sendo feito ou apoiar quem faz a coisa certa?
Herbert
Lago Castelo Branco
Poeta
e Escritor
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