Embora este livro de Herbert
Lago Castelo Branco seja um conto infantil, cuja publicação é inteiramente
independente, o seu conteúdo é pleno da mais genuína poesia. Pena que não tenha
sido publicado por uma editora de renome, com possibilidade de revisão,
divulgação e distribuição garantida.
Nunca precisamos tanto da
literatura infantil como agora! E, paradoxalmente, nunca os escritores novos
foram tão alijados do sistema editorial brasileiro como atualmente!
Sabemos todos que há uma
grande quantidade de títulos sendo publicados atualmente para o público jovem e
infantil, entretanto, sabemos também
que a maioria desses livros são fracos, tendenciosos e caros, o que é bem
típico dos países subdesenvolvidos, cujas culturas estão sendo manipuladas mais
em benefício da ignorância do que do conhecimento e da razão. Há mais fumaça
que fogo no céu da literatura infanto-juvenil.
Mas voltemos ao BRINDALUZ,
do poeta Herbert Castelo Branco. Um livro simples, mas contundente na
preocupação de resgatar valores há muito (e desastrosamente) substituídos pelos
modernos aparelhos eletrônicos. BRINDALUZ é uma história de rei e príncipe
encantados, codificada nos princípios da família, onde o homem é o elemento
essencial enquanto estrutura orgânica dentro da sociedade.
Somos partidários do
conceito de que a criança deve aprender a raciocinar e não a memorizar. E nada
melhor para isto que a indução por meio da criação literária, com destinação
adequada à cada faixa etária. Um homem só se faz pensando e para tal é preciso
que aprenda e desenvolva, desde cedo, a sua linguagem, num processo livre e
natural, ou
seja, através da leitura e do exercício do pensamento.
A história de Sarita e de
seu peixinho Brindaluz, em alguns momentos, nos encanta e enleva, tamanha a sua
sensibilidade poética. Noutros, nos induz simplesmente a uma viagem de volta ao
passado, com seus sonhos e seus mistérios - onde só o milagre pode resolver, e resolve, a
problemática da infância - e faz mais: descreve, sempre de maneira fantasiosa,
o encantamento da Ilha de São Luís do Maranhão e a origem da cidade de São José
de Ribamar;
Quer dizer: um pouco do folclore brasileiro em forma de poesia.
João Carlos Taveira
Poeta e Escritor
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