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terça-feira, 1 de março de 2022

ENTREVISTA DE HERBERT LAGO CONCEDIDA A ESTUDANTE DE LETRAS EDLAINA BEZERRA.

 

Poeta Herbert Lago

    Na conclusão de minha Monografia para ser apresentada ao curso de Letras da Faculdade do Baixo Parnaíba, para obtenção do grau de licenciados em Letras, tive a oportunidade de fazer uma pequena entrevista com o poeta Herbert Lago Castelo Branco, destacando o seu constante trabalho na área da cultura e história de Chapadinha, por meio de suas iniciativas como publicação de livros e a implantação de sua biblioteca alternativa, onde ele próprio mantem, atende e auxilia os alunos, leitores e visitantes.

A seguir entrevista realizada com Herbert Lago Castelo Branco. 


EDLAINA: Como e quando começou a Biblioteca Alternativa?

R. Tudo começou em 1986 com a criação do Jornal Alternativo Cultural “A PROSA” que tive o prazer de editar até 1992. Morava em Taguatinga-DF e recebia muitos livros, revistas e jornais. Já tinha alguns livros, porque sempre gostei de ler, com os que iam recebendo fiz na minha residência uma pequena Biblioteca que dei o nome de Biblioteca Alternativa. Era uma coisa minha, para eu ler e para fazer os meus trabalhos literários. Mas ai eu abri para as crianças da quadra onde morava para fazer oficinas de artes. Eles gostavam disso, daí eu passei a gostar também. Sempre teve em minha mente (quando aposentasse) a ideia de retornar para minha cidade natal. Então, como já estava aproximando a minha aposentadoria, em 2006 vim a Chapadinha e fundei a Biblioteca Alternativa no dia 13 de dezembro de 2006. Aluguei uma sala com a Francinete, na casa dela na rua do Comércio e a partir de janeiro de 2007 eu comecei a mandar todos os livros de minha Biblioteca, que tinha em Taguatinga para Chapadinha. Aí eu falei para alguns colegas, amigos, que tinha fundado esta Biblioteca em Chapadinha. Daí eu comecei a receber uma grande quantidade de doações de livros, enciclopédias e enviava para Chapadinha pela empresa de ônibus Transbrasiliana. Uma sobrinha minha, a Rafaela, foi quem primeiro me ajudou, abrindo a biblioteca e recebendo os livros que vinham de Brasília. Justiça seja feita, o Nego Velho da Bolota também ajudou muito, era quem pegava os livros na Rodoviária de Chapadinha e levava na carroça pra Biblioteca. Só que as pessoas começaram a frequentar a Biblioteca, principalmente pelas crianças e adolescentes. No dia 21 de julho de 2007 eu oficializei publicamente com a inauguração da Biblioteca. Nunca imaginava que ela tomaria esta proporção. Acredito que tenha sido pela carência que a cidade tem. Imaginava uma coisa para ocupar meu tempo de aposentado. Mas tomou dimensões que não estão mais em meu alcance. Na verdade hoje ela não é mais minha. É do povo de Chapadinha. Acho que é o mínimo que posso fazer por essa gente e esta cidade que amo tanto.

Alunos da  Faculdade Infantil

EDLAINA: Qual a razão deste trabalho?

R. Porque eu acredito que a Biblioteca é o principal meio de proporcionar a todos o livre acesso aos registros históricos, o acesso ao conhecimento e das ideias do homem e as expressões de sua imaginação. Neste contexto, figura-se nos óbvia a importância do livro e da leitura como fonte de saber.

EDLAINA: O que ela significa em sua vida?

R. É tudo! É como o que as imagens de santos são para os católicos. Como um pai que vê um filho crescendo. Um legado que deixo para gerações futuras, como marca de minha passagem pela terra.

EDLAINA: Qual a importância da biblioteca para a cidade?

R. Parece-me uma das entidades mais necessárias para a formação e o desenvolvimento cultural das nossas crianças e jovens. Não é que a Biblioteca vá resolver qualquer dos nossos dolorosos problemas de nossa cultura, como o analfabetismo. Mas o incentivo ao hábito de ler bem orientado, num processo continuo, criará uma população mais culta, critica e consciente.

EDLAINA: A biblioteca recebe algum tipo de recurso do município ou qualquer outra fonte?

R. Não. Embora ela esteja habilitada a receber recursos públicos e privados. Até quando puder, não pretendo misturar política com esse trabalho. Ela é mantida com recursos exclusivamente de minha aposentadoria. Não sei até quando vou conseguir mantê-la.

Como se pode ver na entrevista com Herbert Lago Castelo Branco, a Biblioteca Alternativa teve uma longa trajetória desde que nasceu em 1986 a partir de um trabalho cultural que ele tinha em Brasília, ele começou a receber doações de livros. Daí em diante passou a guardá-los em sua casa em Taguatinga onde morava e teve a ideia de fazer uma pequena biblioteca para ocupar seu tempo quando chegasse sua aposentadoria. À medida que o tempo ia passando ele começou a abrir a sua pequena biblioteca para crianças e toma gosto por aquilo. E mais tarde começa a mandar seus livros para Chapadinha, sem mesmo ter em mente que aqueles livros e aquela simples vontade de se ocupar se transformaria em um acervo literário de grande importância para a cidade de Chapadinha. Hoje, ele reconhece sua Biblioteca como sendo um dos principais meios de busca pela informação, pesquisa e expressão literária da cidade. E para ele é tão importante que ele compara seu apreço à dedicação dos católicos aos seus santos, e afirma ainda que a Biblioteca Alternativa não é sua, mas um legado que deixa para as gerações vindouras e patrimônio para sua cidade, sendo um lugar onde principalmente os jovens têm incentivos e orientações para adquirirem um bom hábito de leitura, pois em sua biblioteca, ele ainda realiza o trabalho de consultor dos alunos que o procuram, promove noites culturais com Sarau, Luau, peças teatrais e diversas apresentações com pessoas de diversas faixas etárias que participam ativamente de suas iniciativas. Algo relevante nessa entrevista foi constatar que uma Biblioteca desse porte, com todos esses anos de existência, de tão grande importância para a cidade, com cerca de dez mil livros, seja mantida única e exclusivamente com recursos próprios do dono, e ainda, é uma instituição habilitada a receber recursos governamentais, embora não os receba e não tenha nem um tipo de incentivo ou divulgação por parte do poder público.

 

Edlaina Vasconcelos Bezerra

Aluna de Letras da FAP – 2015

 Faculdade do Baixo Parnaíba


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