O escritório político da deputada estadual Helena Barros Heluy (PT) promoveu, terça-feira (7), uma sessão de estudo para debater a atual situação política do Maranhão, a partir da explanação do professor da Ufma, Vagner Cabral e do jornalistr Cabral e do jornalista Walter Rodrigues, que assina o blog Colunão, especializado em política. As sessões de estudo são atividades realizadas mensalmente com o objetivo de contribuir para formar a consciência crítica de sua assessoria e de representantes de entidades diversas e movimentos sociais.
Fatos e personagens marcantes da história política do Maranhão desde quando se instalou o vitorinismo, o surgimento e a trajetória do mais famoso político maranhense (José Sarney), o rompimento de seu ex-afilhado político José Reinaldo, a eleição e a cassação do governador Jackson Lago e suas prováveis conseqüências foram tratados com a efervescência natural que o tema costuma provocar. A platéia formada por militantes e dirigentes do PC do B, deputado estadual Max Barros (DEM), representante do Conselho Regional de Enfermagem (Corem), religiosos e universitários não viu a hora passar e ficou atenta à palestra das 20h às 23h e, depois, ao debate.
Vagner Cabral procurou em sua fala fugir a uma análise maniqueísta dos fatos, evitando tratar os dois grupos que hoje disputam a cena política maranhense como heróis e vilões. O professor defende que a conjuntura política no estado retrata a violência com que sempre foi tratada a população em todas as áreas onde atua o poder público, situação exemplificada pelo caso do juiz do Trabalho Marcelo Baldocchi, acusado da prática de trabalho escravo em sua fazenda.
Para ele, o pivô da disputa entre o grupo Jackson, de um lado, e Sarney, de outro, é tão somente o poder político e não melhorar as condições de vida da população miserável que vive no estado cuja capital tem relativamente uma das maiores concentrações de renda do país, com índices comparáveis às grandes cidades industriais.
A derrota da família Sarney, que manteve a hegemonia política nas eleições estaduais há mais de três décadas, Cabral classifica como fascinante votação plebiscitária que surpreendeu o senador maranhense eleito pelo Amapá. Segundo o professor, para conseguir êxito na contra-ofensiva a Jackson, Sarney procurou se fortalecer na estrutura de poder da esfera federal “pendurado” na argumentação do apoio à governabilidade do presidente Lula e, ao mesmo tempo, na estrutura do Poder Judiciário. A disputa se dá no plano do Estado e a imprensa dá aos fatos uma versão maniqueísta de disputa de poder.
Cabral entende que o grupo Jackson conseguiu eleger dois terços das prefeituras do Estado, em 2006, mas a alternância de poder não foi acompanhada por uma melhoria da qualidade do estilo de política praticada no Estado.
Golpe Jurídico - Questionado se a cassação seria um golpe, o professor defendeu que, embora os fatos evidenciassem corrupção pelo uso da máquina do Estado, o processo resultou de um golpe jurídico que Sarney engendra desde 2006, quando, ao reforçar sua influência no governo federal e no Judiciário, conseguiu que o processo de cassação do mandato de Jackson tramitasse com celeridade.
Pedagogia da Queda - Paraense há 30 anos em São Luís e considerado grande conhecedor do traçado político do Maranhão, o jornalista Walter Rodrigues fez sua análise a partir da trajetória dos protagonistas da cena política maranhense da atualidade. Sarney, jovem político ligado a um grupo que se apresentava identificado com ideais revolucionários e que conquistou espaço como aliado político de Vitorino Freire, ao qual abandonou fazendo-lhe oposição, aliando-se, depois, aos generais da ditadura militar e que, a partir daí, mantém-se no poder independente da corrente ideológica no comando do país; de outro lado, o médico Jackson Lago, que começou como secretário de Saúde do ex-governador Cafeteira e galgou lugar na vida política como prefeito da Ilha rebelde.
Sua grande vitória política ao derrotar Roseana Sarney, em 2006, com apoio do governador José Reinaldo – oriundo do grupo Sarney ao qual abandonou – e da máquina administrativa, tornou-se também sua maior derrota política ao ser cassado sob acusação de corrupção eleitoral.
Para Walter, Jackson foi cassado não por ter cometido corrupção – que é a prática comum no processo eleitoral no estado –, mas pela exacerbação da prática. O jornalista afirma que o movimento apelidado de “balaiada” em defesa do governador Jackson foi construído e não genuinamente popular, ganhando eco na mídia nacional e internacional por causa da participação da “grife” do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Ele argumenta que a cassação do governador não é um golpe, mas tem caráter pedagógico e deve provocar nos próximos candidatos a inquilinos do Palácio dos Leões e de outras esferas do poder o cuidado em respeitar o limite no trato da coisa pública.
Extraído do Boletim Eletrônico da Deputada Estadual Helena Barros Heluy
Edição 1ª e 2ª semanas de abril de 2009
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