A
infância brasileira vive momento inédito. Pela primeira vez, na história
pátria, a autoridade máxima assume publicamente o compromisso coma causa mais
importante da sociedade – o ser humano em fase de crescimento e
desenvolvimento. Ao anunciar o projeto Brasil Carinhoso, a presidente Dilma
Rousseff cria a marca de seu governo. Revela louvável ousadia fundada em
sensibilidade fecunda, humanismo vigoroso, percepção refinada do único
investimento capaz de revolucionar a triste realidade social que macula a
paisagem econômica, negando-lhe o merecido viço.
A
presidente está coberta de razão. O estado não deve seguir no propósito
caridoso. Tem de ser um ente carinhoso. São naturezas opostas. A primeira
pressupõe desqualificação da vida. Sem miséria humana, não há lugar para
caridade. Assim, erradicar a pobreza contraria a cultura caritativa presente
nas políticas públicas. A segunda tem cunho autêntico porque o Estado carinhoso
faz da qualidade um princípio inegociável para as ações desenvolvidas. Não se
restringe a indicadores quantitativos. Carinho desqualificado inexiste. E só
será legítimo se igual para todos.
A
proteção e a promoção plenas da primeira infância são o alicerce inabalável da
cidadania virtuosa. Ignorar essa verdade é optar pela miopia que mediocriza
gestores públicos. Leva-os a investir recursos orçamentários em projetos
desprovidos de qualquer perspectiva de reais benefícios para gerar uma
sociedade igualitária, ainda tão distante no horizonte do sonho.
A
presidente sinaliza mudança de rota. Demonstra ter o olhar voltado para os
requisitos inovadores cuja validade nasce de evidências científicas
contundentes, não há de negar. É a hora e a vez de libertar o potencial
criativo das novas gerações, facultando-lhes acesso a saúde, educação, cultura
e lazer, a ambientes seguros, ricos em estimulação lúdica, exuberantes na
pureza dos gestos, no calor da ternura, no prazer das atividades interativas.
Extraído
do artigo “Brasil Carinhoso, infância feliz”
do
professor da UnB DIOCLÉCIO CAMPOS JÚNIOR
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