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sábado, 5 de fevereiro de 2022

A POESIA CHAPADINHENSE E SEUS REPRESENTANTES: Ênfase em Nonato Vale

 

Nonato Vale

    Raimundo Nonato Vale nasceu no dia 22 em julho de 1924 na localidade Ininga, município da cidade de Luzilândia no Estado do Piauí, onde viveu sua infância e parte de sua adolescência despreocupada e feliz. Era filho de José Gonçalves do Vale e Florinda Jesuína do Vale e tinha mais 8 (oito) irmãos: Manoel Nelinho, Zé Firmino, Antonio Toninho, Zé Mendengue, Francisca Quariguasi, Ihazinha Sales, Glorinha Brito e Maria Vale

            Começou os estudo em Luzilândia nas Escolas Nossa Senhora das Graças e depois no Grupo Escolar João Francisco. Desde criança mostrou interesse pelos estudos e dedicação aos livros. “Ele sempre procurou galgar o primeiro lugar.” Disse Mundica Pimentel Ferreira, sua primeira professora e amiga.

Em 02 de abril de 1943, com 19 anos de idade mudou-se para Chapadinha, para trabalhar no comércio de seu cunhado Pedro Quariguasi, que recebera de braços aberto, onde granjeara grandes amigos e não tardou muito para que conhecesse uma ilustre jovem de tradicional família Chapadinhense, Elin Barroso Vieira Passos, com quem se casou no dia 14 de setembro de 1949 com 25 anos de idade e deste consorcio tiveram 6 (seis) filhos: Carlos Borromeu, Ninda Celeste, Serenilia, José Gonçalves (Zizinho), Márcia Lúcia e Luiz Augusto (Luizinho).   

            Como político Nonato Vale foi candidato a vice-prefeito na chapa do candidato a prefeito Dico Araújo, em 1955. Em 1970 foi eleito vereador com 46 anos de idade. Antes de falecer estava desiludido com o parlamento e não gostava mais de falar de política, pois decepcionou-se com os políticos brasileiros. Em 1966 fundou a Loja Maçônica Oliveira Roma de Chapadinha, onde foi venerável por 3 (três) vezes.

Nonato Vale Com a Família

            Nonato Vale foi comerciante de sucesso, na zona urbana de Chapadinha, com as lojas A Piauiense (1951 a 1953), Casa Nova (1954 a 1955) e a Nisemar (1964 a 1968). Na zona rural teve comércio na Boa Hora (1956 a 1959) e no Rodeio (1960 a 1992).

            Nonato Vale também militou no jornalismo independente. Em 1968, por exemplo, ele colaborava com artigos e poesias no jornal ALVORECER, onde nas páginas da edição publicada no dia 15 de abril de 1968 estampava a notícia de que se encontrava no prelo o seu livro intitulado “TEMAS & ESBOÇOS,” que não teve a venturosa sorte de ver sua obra publicada.  O livro “TEMAS & ESBOÇOS” foi publicado in memoria pelos seus filhos em 1995. Nonato Vale também foi o autor do hino de sua terra natal Luzilândia, a quem descreveu como “Rainha do Piaui.”

            Como todo brasileiro Nonato Vale adorava futebol, e quando ainda jovem era um dos melhores centroavante que brilhava nos campos entre Chapadinha e Luzilândia. Jogou no Palmeiras de Chapadinha em 1953 a 1959 e junto com Lucidio Frazão e padre Walter, em 1955 a 1957, começaram a construir o primeiro estádio (campo de futebol). Em 1963 fundou o time 7 de setembro e em 1964 fundou a LEC – Liga Esportiva Chapadinhense da qual em 1968 foi presidente. Era um Botafoguense apaixonado que tinha como ídolos, Mané Garrincha no futebol, Nelson Gonçalves na música e Carlos Drummond de Andrade na poesia e o seu passatempo era ler e escrever poesias.

          

Casa de Nonato Vale

 
A precocidade literária de Nonato Vale há muito se tornara conhecida nos meios sociais. Nos seus versos sempre exaltou Chapadinha como a flor do maranhão. Cantou os oásis que circundam Chapadinha que tanto já lhe representaram nos primórdios de sua história, como vemos nesta estrofe de um poema de sua autoria dedicado a Chapadinha.



Foste outrora, talvez uma maloca,

Aqui viveu uma tribo qualquer,

Falam-nos disso, ainda a Macaoca,

A Aldeia, o Xororó e o Vai-quem-quer.

Estes lugares, viram te nascer

Entre esparsas moitas de tabocas,

Onde foi mato hoje se desloca

Para ver o teu engrandecer.

            Ao mesmo tempo ele transcende o seu amor obsessivo por Chapadinha como quem tem medo da separação.

CHAPADINHA

Agora, deixa-me cingiste um abraço

Fiel e carinhoso, e ouça

O que te quero dizer:

Nem mesmo a morte haverá

De nos separar,

Pois quando tiver de baixar

Em minha última morada,

Seja-me concedido, entre aqueles

Antes queridos, um lugar

Em teu seio, onde também

Feliz eu dormirei sepulto.

            Nonato Vale, por certo, não passará desapercebido pela história e será um dos nossos vultos, como os filhos ilustres de Chapadinha. Pela sua inteligência e pelo o seu valor cultural invejável. Que defino como poeta semeador de sonhos e ideais, plantador de belezas, arauto e intérprete de sua gente, que sempre procurou despertar o sentimento do belo que existe em cada ser humano.

            Nonato Vale faleceu no dia 29 de agosto de 1992 com 68 anos de idade, e conforme pedido, ele está sepultado em Chapadinha, no Cemitério Central Nossa Senhora das Dores.

Herbert Lago Castelo Branco

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