herbertlagocastelobranco@gmail.com
Facebook Herbert Lago

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

A POESIA CHAPADINHENSE E SEUS REPRESENTANTES: ênfase em Eduardo Luiz

 

Luiz Eduardo da Silva

    Eduardo Luiz da Silva nasceu no dia 13 de outubro de 1935, na Ilha das Canarias, no município de Araioses, estado do Maranhão. Filho de João Luiz da Costa e Luiza Florência da Silva Costa e teve mais 7 (sete) irmãos: Maria de Nazaré da Silva Costa (Lelé), Maria do Socorro da Silva Costa (Moça), Maria da Silva Costa (Mariazinha), José Luiz da Silva Costa (Zé Bicudo), Raimunda Nonata da Silva Costa (Raimunda), Maria Luiza da Silva Costa (Maria Luiza) e Carlos Alberto da Silva Costa (Carrim). Aos 5 (cinco) anos de idade, sua família migrou para a cidade de Tutóia, onde moraram durante dois anos e posteriormente aos 7 (sete) anos de idade, mudaram para a cidade de São José de Ribamar, onde passou toda a sua adolescência e juventude. Em São José de Ribamar, foi pescador, padeiro, e vendedor ambulante de frutas e animais para consumo alimentar. Com 17 anos de idade Eduardo se alistou no Exército Brasileiro e com apenas 20 anos de idade, ingressou no Serviço Público Federal - DNERÚ, no Serviço Nacional de Combate à Malária. Na época, não era realizado concurso público, e o ingresso se dava através de indicação. Esse momento de sua vida retrata um fato curioso que merece destaque: “Um dos seus vizinhos em São José de Ribamar, tinham parentes ricos em São Luís, e a matriarca dessa família ia aos domingos assistir à missa em São José de Ribamar. Um certo dia, ela perdeu o transporte de volta e teve que dormir na cidade de São José de Ribamar, mas seus parentes eram pobres e não tinham rede de reserva para oferecer-lhe. Ficaram preocupados e falaram com sua mãe dona Luíza, que os tranquilizou dizendo que a rede do Eduardo, estava lavada, e ainda não tinha sido usada e que ia falar com ele para emprestá-la. Dona Luiza falou com Eduardo, e ele de pronto, consentiu e foi dormiu em uma cadeira preguiçosa. A senhora idosa e experiente, ficou surpresa com aquela rede limpa e cheirosa, e conhecendo a condição dos parentes, quis saber como e onde tinham conseguido aquela rede que proporcionou uma noite tão bem dormida. A parenta dela contou com detalhes, e ela então fez questão de falar com Eduardo, que relutou, mas ela insistiu em conhece-lo. Na conversa, ela quis saber se ele tinha emprego. Eduardo respondeu que não, aí ela perguntou se ele gostaria de trabalhar no serviço de combate à Malária. Eduardo de pronto disse que sim. Ela então deu o seu endereço para que ele a procurasse. No dia seguinte, Eduardo foi a São Luís, no endereço entregue a ele. Era na casa dela, que o recebeu com muita educação e entregou-lhe uma carta de recomendação ao Diretor Edgard Barros, chefe do setor da Malária. Edgard leu a carta de recomendação e disse: “Você está empregado, não posso negar um pedido da senhora Juju, mãe do meu amigo Orisvaldo, presidente da Caixa Econômica”. Foi assim, com esse gesto de solidariedade que Eduardo Luiz conseguiu seu primeiro emprego, com 20 anos de idade.”
Eduardo com familia

Às 8:00 horas da manhã de sábado do dia 23 de maio de 1957, Eduardo Luiz da Silva, desembarca de um avião bimotor no Aeroporto de Chapadinha, vindo transferido de São José de Ribamar para trabalhar em Chapadinha, com a missão de implantar o Serviço de Saúde Pública no Município de Chapadinha.

No Aeroporto, o então prefeito de Chapadinha, Raimundo Vieira de Almeida (Mundiquinho) lhe esperava com uma comitiva de Vereadores, Delegado, comerciantes e correligionários. E a pé, dirigiram-se para a residência do prefeito que lhe recepcionou com um banquete.

Eduardo Luiz foi convidado para hospedar-se na residência do senhor Mundico Lobo e dona Chiquita, pais de Pedro Lobo e Bené Lobo, e com eles morou por 2 (dois) anos. Saindo somente após contrair matrimonio.

Em uma das muitas serestas que participava, Eduardo Luiz conheceu uma linda Chapadinhense por nome Gilma Maria Oliveira Silva, que trabalhava na Loja Trapiá. Ele sempre de olho nela, inventou de comprar uma cortina para fazer uma divisória no local onde trabalhava. Chegando na Loja Trapiá, procurou logo a Gilma, para que ela lhe atendesse. E daí começaram com o namoro. E no dia 13 de outubro de 1959, no dia em que Eduardo completava 24 anos de idade, casou-se com Gilma, que completaria 24 anos 12 dias depois. E dessa união tiveram 8 (oito) filhos biológicos e 2 (duas) filhas adotivas, sendo eles: Huda, sobrinha da Gilma que veio para o convívio da família aos 2 (dois) anos de idade, Eduardo Filho (in memoriam), Ludmila, Francisco de Assis, Eglajef, Maria Betânia, Giselda, Eduardo Segundo, Fabiola e Gilbertiana, também sobrinha da Gilma que veio para o convívio da família aos 5  (cinco) anos de idade e teve 16 (dezesseis) netos: Luiz Eduardo, Vanessa, Yuri, Rodrigo, Alexandre, Stefanne, Ludmylla, Jéssica, Chiara, Danilo, Lucas, Lívia, Isabella, Beatriz, Ana Beatriz, Eduardo Benício. E até esta data (2022), 7 (sete) bisnetos: Gabriela, Eduarda Sofia, João Heitor, Gabriel, Maitê, Isis e Miguel.

Eduardo na Formatura

 Eduardo Luiz da Silva teve uma vida pautada em padrões disciplinares, tanto na adolescência, quanto na vida adulta e idoso. Um exímio defensor e praticante da ética, do direito, da justiça, da paz, da solidariedade, da fraternidade, do amor e da adoração a Deus.

Na década de 1950, não existiam escolas no município de Chapadinha, e Eduardo integrou ao grupo de jovens que trabalhou para fundação do Ginásio Professor Mata Roma e posteriormente a Escola Ana Adelaide Belo e o Colégio Manoel José de Santana (ambos da CNEC - Campanha Nacional de Escolas da Comunidade). Foi líder estudantil e criou a Biblioteca Popular com livros fornecidos pelo MEC. Pode-se dizer que Eduardo Luiz foi o precursor na organização de eventos na cidade de Chapadinha, sendo o organizador de eventos como: a) as grandes festas do Arroz e do Babaçu, com desfile de rainhas em carros alegóricos pelas ruas da cidade; b) o primeiro Parque Junino na praça São Raimundo, quando Presidente do Grêmio estudantil Professor Júlio Bacelar; c) corridas de jumento e de bicicletas que eram atividades de lazer na época; d) excursões para Fortaleza patrocinadas pelo MEC, quando Presidente do Grêmio que tinham como participantes: professores e estudantes da Escola Normal Ana Adelaide Belo.

Eduardo também foi professor. Lecionou nos colégios: Ginásio Mata Roma, Escola Normal, Manoel José de Santana, Bandeirantes, Raimundo Araújo, 19 de março e no Colégio Francisco Almeida Carneiro - FAC e em São Luís, no bairro Filipinho, lecionou no Ginásio Arnaldo Ferreira e CEMA - Cohab (televisão educativa), em São José de Ribamar, foi bolsista da Nestlé (televisão educativa), e bolsista também no INAMPS.

Eduardo, Gilma e Família

Em meados de abril de 1964, quando secretario do Centro Operário, Eduardo Luiz, prestava assessoria ao Sindicato dos trabalhadores Rurais de Chapadinha, auxiliando o Presidente Antonio Athaíde, na redação e datilografando correspondências oficiais aos Ministérios da Justiça, da Agricultura e da Saúde. Nesse mesma época Eduardo era presidente do Grêmio Estudantil e tinha enviado um telegrama prestando solidariedade ao presidente João Goulart, e o telegrama tinha sido interceptado pala inteligência do Exército. Ainda havia contra ele uma correspondência de um colega de serviço, que fazia referência ao “Nosso Chefe,” onde o amigo enfatizava: “estive como nosso chefe” e para a inteligência do exército essa referência se tratava de alguma organização política, de algo muito perigoso. Também constava contra ele uma denúncia de comercialização de um livro de nome “PÃO E FEIJÃO,” livro este que Eduardo afirmou nunca ter lido e nem sequer sabia o nome do seu autor.

Eduardo Luiz começou a despertar as autoridades, que passaram a vê-lo como subversivo, o que culminou em uma invasão domiciliar e apreensão de documentos e passou 3 (três) dias em prisão domiciliar, sendo interrogado diuturnamente e sua prisão foi decretada no dia 12 de junho de 1964 e transferido para o Quartel do 24 BC na capital maranhense São Luís. Junto com Eduardo, foram presos também o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Chapadinha, Antonio Athaíde e Luizinho. Dias depois, foram liberados sob vigilância da polícia do exército.

Eduardo e Gilma, seu grande amor.

Como punição, Eduardo Luiz foi transferido para Barão de Grajaú, onde trabalhou por um ano. Em 1965, retorna pra Chapadinha, onde dá continuidade a seus estudos e a normalidade de sua labuta.

Eduardo Luiz tinha formação em Enfermagem, Farmacêutico, Bioquímico, Sanitarista especializado em saúde pública e saúde da família. Participou de vários Conferências na área da saúde, Seminários e de Conselhos Municipal de Saúde. Como profissional da saúde, trabalhou no HAPA – Hospital Antonio Pontes de Aguiar, Centro de Saúde Benú Mendes, Coordenador do PACS/PSF; Coordenador da Vigilância Sanitária; Coordenador da Vigilância Epidemiológica;  Foi Secretário Municipal de Saúde; Diretor do Departamento de Saúde CAIC; Gestor Regional de Saúde, Consultoria em Saúde Pública nos Municípios de: Barreirinhas, Urbano Santos, São Benedito do Rio Preto, Anapurus, Brejo, Santa Quitéria, São Bernardo, Tutoia, Araioses, Buriti de Inácia Vaz, Colinas e Pirapemas.

 Como político, Eduardo Luiz foi eleito vereador para um mandato de 6 (seis) anos em 1982, na coligação do prefeito José Almeida e presidiu a Câmara de Vereadores no biênio 87 a 88. Eduardo foi também Presidente do LIONS CLUBE e no dia 22 de fevereiro de 1972 entrou na Maçonaria e foi Venerável da Loja Maçônica Oliveira Roma por 2 (duas) gestões;

Eduardo com o poeta Herbert Lago

Em 1994, Eduardo Luiz e Dr João Batista dos Santos, fundaram a Academia de Letras, Artes e Ciências de Chapadinha, da qual foi o seu Vice-Presidente. Em 1995 Dr. João Batista foi embora de Chapadinha e Eduardo assumiu a presidência da Academia até 2004. Em 2007 assumiu a presidência novamente e ficou até 2014. Pode-se dizer que a Academia de Letras era um dos seus maiores “mimos,” era onde ele deixava fluir sua veia poética, como podemos observar em seus poemas: Dentre eles, “AMOR A NOSSA TERRA,” onde declara o seu amor por Chapadinha.


AMOR À NOSSA TERRA

Chapadinha Clama, grita por destaque,

Eu, você, nós devemos socorrê-la,

Erguê-la, ampará-la, protegê-la,

Sem temer críticas, e sem sentir recalque.

Quantas almas estão adormecidas

E, para o belo devem despertar

Imitando os irmãos Mata Roma

Figuram de lume deste lugar

As escolas tomam para si

A missão de nos orientar

E mostrar ao povo desta terra

Novos valores que iram brilhar.

Como estudioso e preocupado com as causas sociais, escreveu um trabalho, publicado no livro intitulado “IDOSOS, QUANTO SOMOS E QUEM SOMOS” onde enfatiza a situação do idoso no município de Chapadinha. Também tem poemas de sua autoria publicada na Antologia da Academia de Letras de Chapadinha Em seu seio familiar, Eduardo era chamado carinhosamente de “Dá”, pelo seu jeito generoso, e pelos amigos, de “Aroeira” em referência a árvore resistente, forte, duradoura e útil. 

Eduardo Luiz da Silva ou carinhosamente Eduardo Aroeira, faleceu no dia 02 de agosto de 2015 com 80 anos de idade e está sepultado em Chapadinha, no Cemitério de Nossa Senhora Aparecida.

Herbert Lago Castelo Branco

Fonte: Maria Betânia (Filha)

A reprodução deste texto ou qualquer parte dele é permitida, desde que seja dado o crédito de autoria conforme as normas e leis.

Nenhum comentário: