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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

MEU PONTO DE VISTA


OBAMA NUNCA VAI SER A ESPERAÇA DO POVO NEGRO

Quando indagado se no Rio Grande do Sul existia “esse negocio de racismo que se falam por ai”, o Coronel Licurgo respondeu que não: “no Rio Grande não tem esse negocio: por aqui o negro conhece o seu lugar”.
Não apenas no Rio Grande do Sul e tampouco apenas no Brasil, o negro sempre foi tratado como inferior do ponto de vista intelectual e a ele sempre foi reservado, como disse Fernando Henrique, de forma infeliz, um pé na cozinha. Quanto a condição de escravo, não merece discutir, uma vez que isso não foi um privilégio da raça negra. A humanidade escraviza seus semelhantes, menos pela cor da pele e mais pela condição financeira e social. Chineses escravizaram chineses; romanos tinham escravos romanos e até os hebreus escravizaram seus semelhantes.
Ainda nos dias de hoje maranhenses escravizam maranhenses, bolivianos escravizam seus compatriotas e por ai vai. Nesses casos não se identifica na escravidão à conotação racista e sim a social. O ser humano não é marginalizado numa sociedade apenas pela cor da pele, porém, também pelo status quo. Fosse assim a Bahia teria um governador negro.
O nordestino, por exemplo, é escravizado de norte a sul desse país porque não teve o acesso a educação não conhece os seus direitos, não tem qualificação profissional e, mais ainda, por acreditar que o hoje nunca vai ser pior do que o amanhã, deixando a tarefa de mudar seu destino nas mãos de Deus que na maioria das vezes tem outros afazeres.
Na nossa sociedade o negro não é apenas discriminando pela cor da pele: ele é considerado inteletualmente inferior, o que não acontece com os escravos brancos que vendem rede, cortam cana-de-açúcar ou trabalham em fazendas no interior do Pará, Maranhão etc.
Obama, devido à sua história pessoal (pai negro, mãe branca e padrasto asiático) é visto por muitos, como um unificador, alguém que consegue transpor a barreira racial. Ledo engano: a vitória de Obama não é a redenção do negro não é sequer a quebra temporária das correntes, porém, como costuma dizer Mandela: reacende no povo oprimido o direito de sonhar.
O mesmo sonho teve o povo brasileiro ao eleger um torneiro mecânico (Lula), o povo polonês ao eleger um estivador (Lech Valessa) e o boliviano ao eleger um índio (Evo Morales). Em todos os casos pouca coisa mudou para o povo que acreditou num amanhã melhor. Quem manda mesmo são as poderosas corporações econômicas.
O Obama é um intelectual, apesar de que, pela cor da pele, mais uma vez aflore o preconceito ao achar que ele é apenas um homem de sorte. Na verdade Obama foi preparado pela sua avó materna que era branca, para se sobressair a cor da sua pele ela sabia que a única forma de um negro vencer em qualquer parte do mundo é através do estudo. Essa afirmação vale para todos, independente da cor da pele, e mais ainda, num pais racista como é a América, onde o assunto sempre foi tratado com violência extrema.
Barack Hussein Obama II graduou-se em Ciências Políticas pela Universidade Columbia em Nova Iorque, para depois cursar Direito na Universidade de Harvard, graduando-se em 1991. Foi o primeiro afro-americano a ser presidente da Harvard Law Review, ensinou direito constitucional na escola de direito da Universidade de Chicago. São poucos os negros que aos 47 anos carregam nas costa essa biografia, culminado com a ocupação do cargo politico mais importante do planeta.
Barack Hussein Obama vai ser o presidente dos Estados Unidos da América e toda sua energia vai ser voltada para o povo que ele governa. Se tiver de invadir a Africa para defender os interesses do povo americano, não se engane ele vai fazer isso. Se tiver de escolher entre colocar uma colher de arroz na boca de uma criança etíope e de uma criança americana, ele vai optar pela criança americana e nunca em dividir para os dois, porque foi para isso que ele foi eleito. Negro ou branco ele vai defender o seu povo e não a sua etínia. Não vai perguntar se o álcool produzido no Brasil é fruto de mão de obra escrava, mas vai querer saber se é subsidiado pelo governo para competir com o álcool produzido pela América.
Não esperem que Obama faça alguma coisa pelos países pobres ou pelo povo negro, hispânico ou latino. Se tiver que ser um unificador vai ser em torno dos interesses dos Estados Unidos.
Sem revisão
Herbert Lago Castelo Branco
Poeta e Escritor

Um comentário:

Anônimo disse...

Desculpe, sr. HERBERT, não coloquei meu nome pq não consegui. Meu nome é Cleuma, sou Chapadinhense, profesora da rede pública municipal. Sempre leio seu blog.
Concordo com seu ponto de vista, mas não posso deixar de acrescentar: há sim preconceito de cor. Lógico que a condição econômica e a ocupação social faz muita diferença.
PORÉM, DIZER QUE ISTO ANULA O PRECONCEITO, NÃO CONCORDO. Eu, particularmente, já vi, muitas autoridades de cor negra serem vítimas de racismo, evidentimente isso não aconteceu na frente dos mesmos.
Se o senhor assistir uma entrevista dE Chico Buarque no DVD "Saltimbancos" vai ouvir ele falar do precosnceito que seus netos, filhos de Carlinhos Brau, sofreram (nãos ei se ainda sofrem. Ele cita que a família de Brau optaram por mudar-se de um certo condomínio de luxo, por conta da "rispez" com a qual eram tratados. VEJA SÓ, ELES NÃO SÃO POBRES.
E como estes, há muitos outros exemlos, leia o livro "Racismo Cordial-Folha de São Paulo- editora Ática".
Há meses atrás, pedi aos meus alunos qque fizessem uma redação sobre SER NEGRO, nas redações o preconceito apareceu "inocentemente", frases como "Eles não tem cula de terem nascido assim" foram constantes citadas (veja só, são crianças entre 8 e 10 anos).
Quanto Obama, concordo inteiramente com você, primeira nem ativista do movimento negro ele é. E como já dissemos, os seres humanos são estes mesmos, independentemente de sua cor. Como diria Steve Biko (assista o filme que fala de personagem real, espetacular ele e o filme "UM GRITO DE LIBERDADE"), ativista negro na época do Apartheid, "Um polícial corrupto, será um corruto, independente de sua cor" (Não estou dizendo que Obama é corrupto, estou dizendo que características morais e outras não estão intrínsecas à cor da pele).
Como já citei, o que precisamos é acabar com a idéia de que ser negro é ser inferior (Que afirmo, existe.).
Infelizmente, nem todas as crianças negras têm a sorte de ter uma avó como a de Obama "que o preparou" (como senhor mesmo cita em seu texto).
“O brasileiro não evita, mas tem vergonha de ter preconceito” (Florestan Fernandes, 1920-1995).